sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Celso de Almeida Afonso - Vida e Obras


Um homem de cabelos brancos trabalha silenciosamente, com notável habilidade. As mãos, calejadas pelos metais que manuseia, são as mesmas mãos que entregam cartas maravilhosas dos filhos que já partiram, para muitas mãezinhas.

Os gestos são lentos, porém os olhos são vivos e atentos. Celso de Almeida Afonso, com 67 anos, nasceu em Araxá. Espírita, exerce a função de ourives em Uberaba. Nos mo-mentos de folga, freqüenta o Centro Aurélio Agostinho, onde há mais de quarenta anos pratica a mediunidade.

A mãe de Celso, espírita convicta e praticante, levava o filho às reuniões. Na ocasião, muito jovem, Celso participava atentamente, sem compreender muito a doutrina. Algum tempo depois, o menino de 14 anos, viu nitidamente o pai em seu quarto. Detalhe: havia falecido há mais de dois anos. "Foi terrível, inexplicável. Ainda hoje não consigo descrever o que senti ao ver um espírito assim, na minha frente. Fiquei tão assustado que a voz não saía da garganta", diz num tom sério. A partir daí, o menino só dormiu com a luz do quarto acesa. Foi acometido de um pavor incontrolável contra tudo que se referisse ao Espiritismo, abandonando as reuniões que freqüentava com a mãe.

Aos dezesseis anos, morando em São Paulo, Celso foi a Sacramento visitar uma tia. A cidade estava em polvorosa. Todos falavam do homem que psicografava e trazia mensagens dos espíritos. Era Chico Xavier. Naturalmente, todos os espíritas iriam vê-lo e Celso, mesmo com medo, decidiu comparecer ao evento. Vendo o tumulto e o número considerável de pessoas, afastou-se rapidamente. "Foi quando uma senhora pediu: Chico, autografa esse livro pra mim? Chico olhou em minha direção e disse: Só se o Celso me emprestar a caneta que ele tem no bolso. Lembro dessa cena como se fosse hoje, agora. Foi indescritível!", o espírita conta visivelmente emocionado. Chico Xavier aproximou-se de Celso e o apresentou para a comitiva que o acompanhava: – Esse rapaz vai trabalhar conosco em Uberaba.

Não querendo retrucar, Celso nada disse. Mas sabia que seria quase impossível trabalhar com Chico Xavier. A família era de Araxá, morava em São Paulo e não conhecia ninguém de Uberaba; aliás nunca nem tinha ido lá. " Só prá ver como é a vida: voltei para São Paulo, minha mãe ficou muito doente. O clima da cidade fazia muito mal para ela. Minha irmã casou e foi morar em Uberaba. Por causa da doença da minha mãe mudamos pra casa da minha irmã. Em apenas dois anos a previsão se cumpriu!", Celso garante.

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