sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Amélie Gabrielle Boudet - Vida e Obras


Nasceu em Thiais, zona suburbana ao sul de Paris, em 22 de novembro de 1795, filha única de Julien Louis Boudet e de Julie Louise Saigne de La Combe.

Segundo Henri Sausse, foi professora com diploma de primeira classe e se formou na primeira Escola Normal Leiga, de orientação pestalozziana, situada no Boulevard Saint-Germain, em Paris, cidade onde viveu toda sua vida.

Foi poetisa e artista plástica, com domínio das técnicas tradicionais.

Foi professora de Letras e Belas Artes.

No meio cultural, nos saraus artísticos e literários, muito comuns na época, tornou-se conhecida como Amélie Boudet.

Escreveu três livros: “Contos Primaveris” (1825), “Noções de Desenho” (1826) e “O Essencial em Belas Artes” (1828).

Casou em 9 de fevereiro de 1832 com o professor Hippolyte-Léon-Denizard Rivail que depois ficou conhecido sob o pseudônimo de Allan Kardec.

Colaborou permanentemente com o marido, tornando-se grande incentivadora do trabalho de codificação e difusão do Espiritismo.

Assumiu efetivamente todos os encargos necessários ao gerenciamento do Espiritismo, na França e no mundo, depois do desencarne do esposo em 1869.

Sua existência pode ser dividida em quatro fases: como a senhorita Amélie Gabrielle Boudet (1795-1832); como a senhora Rivail (1832-1857); como a senhora Allan Kardec (1857-1869) e como a viúva Allan Kardec (1869-1883), sendo conhecida na intimidade familiar pelo diminutivo Gaby.

Desencarnou em 21 de janeiro de 1883, em sua residência.

Celso de Almeida Afonso - Vida e Obras


Um homem de cabelos brancos trabalha silenciosamente, com notável habilidade. As mãos, calejadas pelos metais que manuseia, são as mesmas mãos que entregam cartas maravilhosas dos filhos que já partiram, para muitas mãezinhas.

Os gestos são lentos, porém os olhos são vivos e atentos. Celso de Almeida Afonso, com 67 anos, nasceu em Araxá. Espírita, exerce a função de ourives em Uberaba. Nos mo-mentos de folga, freqüenta o Centro Aurélio Agostinho, onde há mais de quarenta anos pratica a mediunidade.

A mãe de Celso, espírita convicta e praticante, levava o filho às reuniões. Na ocasião, muito jovem, Celso participava atentamente, sem compreender muito a doutrina. Algum tempo depois, o menino de 14 anos, viu nitidamente o pai em seu quarto. Detalhe: havia falecido há mais de dois anos. "Foi terrível, inexplicável. Ainda hoje não consigo descrever o que senti ao ver um espírito assim, na minha frente. Fiquei tão assustado que a voz não saía da garganta", diz num tom sério. A partir daí, o menino só dormiu com a luz do quarto acesa. Foi acometido de um pavor incontrolável contra tudo que se referisse ao Espiritismo, abandonando as reuniões que freqüentava com a mãe.

Aos dezesseis anos, morando em São Paulo, Celso foi a Sacramento visitar uma tia. A cidade estava em polvorosa. Todos falavam do homem que psicografava e trazia mensagens dos espíritos. Era Chico Xavier. Naturalmente, todos os espíritas iriam vê-lo e Celso, mesmo com medo, decidiu comparecer ao evento. Vendo o tumulto e o número considerável de pessoas, afastou-se rapidamente. "Foi quando uma senhora pediu: Chico, autografa esse livro pra mim? Chico olhou em minha direção e disse: Só se o Celso me emprestar a caneta que ele tem no bolso. Lembro dessa cena como se fosse hoje, agora. Foi indescritível!", o espírita conta visivelmente emocionado. Chico Xavier aproximou-se de Celso e o apresentou para a comitiva que o acompanhava: – Esse rapaz vai trabalhar conosco em Uberaba.

Não querendo retrucar, Celso nada disse. Mas sabia que seria quase impossível trabalhar com Chico Xavier. A família era de Araxá, morava em São Paulo e não conhecia ninguém de Uberaba; aliás nunca nem tinha ido lá. " Só prá ver como é a vida: voltei para São Paulo, minha mãe ficou muito doente. O clima da cidade fazia muito mal para ela. Minha irmã casou e foi morar em Uberaba. Por causa da doença da minha mãe mudamos pra casa da minha irmã. Em apenas dois anos a previsão se cumpriu!", Celso garante.

Francisco Cândido Xavier - Vida e Obras


Infância



Francisco Cândido Xavier nasceu em Pedro Leopoldo (MG), no dia 2 de abril de 1910.
Filho de operário inculto e de humilde lavadeira, ficou órfão de mãe aos cinco anos de idade.

Seu pai se viu obrigado a entregar alguns dos seus nove filhos aos cuidados de pessoas amigas e Chico Xavier ficou com sua madrinha, mulher nervosa que o maltratava cruelmente.

Nos seus momentos de angústia, um anjo de Deus, que fora sua mãe na Terra, o assistia, quando, desarvorado, orava nos fundos do quintal: "Tenha paciência, meu filho! Você precisa crescer mais forte para o trabalho.

E quem não sofre não aprende a lutar".

O menino aprendeu a apanhar calado, sem chorar.

Diariamente, à tarde, com vergões na pele e o sangue a correr-lhe em delgados filetes pelo ventre, ele, de olhos enxutos e brilhantes, se dirigia para o quintal, a fim de reencontrar a mãezinha querida, vendo-a e ouvindo-a, depois da oração.
Algum tempo depois, terminou seu martírio.

Seu pai casou-se novamente e sua madrasta, alma boa e caridosa, o recolheu carinhosamente, a ele e a todos os irmãos que estavam espalhados.

A situação era difícil.

A guerra acabara e graçava a gripe espanhola.

O salário do chefe da família dava escassamente para o necessário e os meninos precisavam estudar.

Foi então que a boa madrasta teve uma idéia: plantar uma horta e vender os legumes.

Em algumas semanas, o menino já estava na rua com o cesto de verduras. Desta forma, conseguiram encher o cofre e voltar a frequentar as aulas.

Em janeiro de 1919 Chico Xavier começou o ABC.

Com a saída do chefe da casa para o trabalho e das crianças para a escola, a madrasta era obrigada, algumas vezes, a deixar a casa a sós, pois precisava buscar lenha à distância.

Foi então que surgiu um problema: a vizinha, se aproveitando da ausência de todos, passou a colher a verduras e, sem verduras, não haveria dinheiro para as despesas da escola.

Preocupada, a madrasta, não querendo ofender a amiga, pediu a Chico Xavier que, pedisse um conselho ao espírito de sua mãe.

À tardinha, o menino foi ao quintal e rezou como fazia sempre que queria conversar com sua mãe e lhe contou o problema. Sua mãe lhe disse que realmente não deviam brigar com os vizinhos e lhe deu uma sugestão: toda vez que sua madrasta se ausentasse, que desse a chave de casa à vizinha, para que ela tomasse conta da casa.

Dessa forma, a vizinha, responsável pela casa, não tocou mais nas hortaliças.
Passados todos esses problemas, o menino não viu sua genitora com tanta frequência. Mas passou a ter sonhos.

À noite, levantava-se agitado e conversava com locutores invisíveis. De manhã, contava as peripécias de pessoas mortas, coisas que ninguém podia compreender!

O pai resolveu levá-lo ao vigário de Matozinhos, que, após ouvi-lo, recomendou que o garoto não lesse mais jornais, revistas, livros.

Disse-lhe que ninguém volta a conversar depois da morte e que era o demônio que lhe estava perturbando.

O menino chorava nos braços de sua madrasta, criatura piedosa e compreensiva.

Ao conversar com sua mãe, triste por não ser compreendido por ninguém, escutou dela que precisava modificar seus pensamentos, que não deveria ser uma criança indisciplinada, para não ganhar antipatia dos outros.

Deveria aprender a se calar e que, quando se lembrasse de alguma lição ou experiência recebidas em sonho, que ficasse em silêncio. Precisava aprender a obediência para que Deus, um dia, lhe concedesse a confiança dos outros.

E durante 7 anos consecutivos, de 1920 a 1927, ele não teve mais qualquer contato com sua mãe. Integrado na comunidade católica, obedecia às obrigações que lhe eram indicadas pela Igreja. Confessava-se, comungava, comparecia pontualmente à missa e acompanhava as procissões.

Em 1923 terminou o curso primário, no Grupo.

Levantava-se às seis da manhã para começar, às sete, as terefas escolares e entrando para o serviço da fábrica às três da tarde, para sair às onze da noite.

Em 1925 deixou a fábrica, empregando-se na venda do Sr. José Felizardo Sobrinho, onde o trabalho ia das seis e meia da manhã às oito da noite.

As perturbações noturnas continuaram.

Depois de dormir, caía em transe profundo.

Em 1927 uma de suas irmãs caiu doente.

Um casal de espíritas, reunido com familiares da doente, realizaram a primeira sessão espírita que teve lugar na casa.

Na mesa, dois livros: "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e o "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec.

Pela mediunidade de D. Carmem, sua mãe manifestou-se: "Meu filho, eis que nos achamos juntos novamente. Os livros à nossa frente são dois tesouros de luz. Estude-os, cumpra com seus deveres e, em breve, a bondade divina nos permitirá mostrar a você seus novos caminhos".

A primeira e única professora de Chico que descobriu sua mediunidade psicográfica foi D. Rosália. Fazia passeios campestres com os alunos que deveriam, no dia seguinte, levar-lhe uma composição, descrevendo o passeio. A de Chico tirava sempre o primeiro lugar.

Desconfiada, D. Rosália, um dia, fez o passeio mais cedo e, na volta, pediu que os alunos fizessem a composição em sua presença. Chico, novamente, tira o primeiro lugar, escrevendo uma verdadeira página literária sobre o amanhecer e daí tirando conclusões evangélicas.

Rosália mostrou aos amigos íntimos a composição e todos foram unânimes em reconhecer que aquilo, se não fora copiado, era então dos espíritos.



Atividades Mediúnicas em Pedro Leopoldo


Ao entrar para o funcionalismo público, como datilógrafo, na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, começa a demonstrar sua admiração pela natureza. Distante 6 quilômetros da cidade, em contato com a natureza, ama até as pedras e os montes pensativos.

Vê em tudo poesia e oração, trata as árvores como irmãs e compreende como poucos a alma do grande todo. Vê em tudo poesia e vida, verdade e luz, beleza e amor e, acima de tudo, a presença de Deus!


Em maio de 1927 foi realizada a primeira sessão espírita no lar dos Xavier, em Pedro Leopoldo.

Em junho do mesmo ano foi cogitada a fundação de um núcleo doutrinário.

Em fins de 1927 o Centro Espírita Luiz Gonzaga, sediado na residência de José Cândido Xavier, que se fez presidente da instituição, estava bem frequentado. As reuniões se realizavam às segundas e sextas-feiras.

A nova sede do Grupo Espírita Luiz Gonzaga foi construída no local onde se erguia, antigamente, a casa de Maria João de Deus, genitora de Chico Xavier.

Em 8 de julho de 1927, Chico Xavier fez a primeira atuação do serviço mediúnico, em público.

Seu primeiro livro psicografado foi publicado em 1931.

Em 1931, Chico passou a receber as primeiras poesias de "Parnaso de Além -Túmulo", que foi lançado em julho de 1932.

Em 1950, Chico Xavier havia recebido, pela sua psicografia, mais de 50 ótimos livros.

Vivia no apogeu de triunfos mediúnicos.

Estava conhecidíssimo no Brasil e no mundo inteiro.

O Parnaso de Além Túmulo, por si só, valia pelo mais legítimo dos documentos, validando-lhe o instrumental mediúnico, o mais completo e seguro que o Espiritismo tem tido para lhe revelar as verdades, inclusive o intercâmbio das idéias entre os dois Mundos.

Além disso, recebera romances , livros e mais livros, versando assuntos filosóficos, científicos e, sobretudo, realçando o espírito da letra dos Evangelhos, escrevendo e traduzindo, de forma clara e precisa, as Lições consoladoras e imortais do Livro da Vida.


Atividades Mediúnicas em Uberaba


Em 5 de janeiro de 1959 mudou-se para Uberaba, sob a orientação dos Benfeitores Espirituais, iniciando nessa mesma data, as atividades mediúnicas, em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã.

Deu ele, então, início à famosa perigrinação. Aos sábados, saindo da "Comunhão Espírita-Cristã", o bondoso médium visitava alguns lares carentes, levando-lhes a alegria de sua presença amiga, acompanhado por grande número de pessoas afinizadas. Sob a luz das estrelas e de um lampião que seguia à frente, iluminando as escuras ruas da periferia, ia contando fatos de grande beleza espiritual.

A cidade de Uberaba, desde a sua vinda para cá, transformou-se num pólo de atração de inúmeros visitantes das mais variadas regiões do Brasil, e até mesmo do exterior, que aqui aportam com o objetivo de conhecer o médium.

Aqueles que conhecem a sua vida e a sua obra não medem distâncias para vê-lo.

Seu trabalho sempre consistiu na divulgação doutrinária e em tarefas assistenciais, aliadas ao evangélico serviço do esclarecimento e reconforto pessoais aos que o procuram.

Os direitos autorais de seus livros publicados, em torno de 340, são cedidos, gratuitamente, às editoras espíritas ou a quaisquer outras entidades. Quanto à fortuna material, ele continua tão pobre quanto era. Chico é um homem aposentado e recebe somente os proventos de sua aposentadoria. Do ponto de vista espiritual, Chico Xavier é, a cada dia que passa, um homem mais rico: multiplicou os talentos que o Senhor lhe confiou, através de seu trabalho, de sua perseverança e da sua humildade em serviço. Com a saúde debilitada, Chico Xavier vem confirmando, nos últimos tempos, a sua condição de um autêntico missionário do Cristo, pois impossibilitado de comparecer às reuniões do Grupo Espírita da Prece, ele tem reunido as forças que lhe restam para continuar, em casa, a tarefa da psicografia. E, embora debilitado, continua de ânimo firme e a alma com grande capacidade de trabalho.

O médium Francisco Cândido Xavier desencarnou no dia 30 de Junho de 2002, em Uberaba, aos 92 anos de idade, e a poucos dias de completar 95 anos de mediunidade.

André Luiz - Vida e Obras


O espírito que conhecemos como André Luiz, em sua última encarnação foi um médico brasileiro residente no Rio de Janeiro. Com bons conhecimentos científicos e grande capacidade de observação, foi-lhe permitido relatar, através do médium Francisco Cândido Xavier, suas experiências como desencarnado. Desejando manter o anonimato - possivelmente respeitando parentes ainda encarnados - quando questionado sobre seu nome, respondeu adotando o nome de um dos irmãos de Chico Xavier.

Alguns espíritas, talvez mais levados pela curiosidade do que por fins práticos, já criaram algunas hipóteses sobre a identificação do médico carioca desencarnado, mas são apenas especulações sem maior solidez ou confirmação pelo próprio André Luiz. O primeiro livro de André Luiz é de 1943. Neste livro ele descreve sua chegada ao plano espiritual, iniciando pelo período de pertubação imediato após a morte, seguindo pelo seu restabelecimento e primeiras atividades, até o momento em que se torna "cidadão" de "Nosso Lar", colônia espiritual que dá nome ao livro.
A obra medíunica de André Luiz teve - e ainda tem - uma influência considerável sobre o movimento espírita. Suas descrições do plano espiritual - tornando mais preciso e detalhado nosso conhecimento do mesmo - estabeleceram novo patamar de compreensão da vida espiritual, também incentivaram a criação de instituições espíritas devotadas as atividades assistências e grupos de estudos inumeráveis.
É interessante observar que o primeiro livro de André Luiz causou grande impacto pela novidade de suas informações, alguns chegaram a contestar suas descrições de uma vida espiritual muito semelhante a que levamos na Terra, mas o acúmulo de evidências - deste mensagens descrevendo de modo fragmentário a vida espiritual, até obras completas de outros espíritos, por médiuns como Yvonne A. Pereira - provaram sua veracidade. O mais curioso é que descrições semelhantes já existiam desde os primeiros tempos do "Modern Spiritualism" - por exemplo, as que foram registradas por Andrew Jackson Davis (nasc. 1826 - desenc. 1910) - mas tinham caido no esquecimento.
A revelação da identidade espiritual André Luiz/Dr. Carlos Chagas foi feita pelo Dr. Inácio Ferreira(espírito) em sua obra Na Próxima Dimensão, Livr. Espírita Edições "Pedro e Paulo", 2002, Uberaba/MG, ao narrar a sua visita a André Luiz na cidade Nosso Lar, oportunidade em que se estabeleceu o seguinte diálogo:
_(...) um dia, fui Carlos Chagas(...)

_ Você não era Oswaldo Cruz?...- indaguei sem vacilar.

_ Não!...

_ E por qual motivo não se identificou desde o início?

_ A obra do médium Xavier não necessitava do meu nome para lhe conferir credibilidade e, depois, precisávamos evitar maiores problemas para a Doutrina...

_ está se referindo ao caso envolvendo a família do escritor Humberto de Campos?

_ A ele e ao estardalhaço que a imprensa leiga haveria de promover; se o próprio Emmanuel constitui pseudônimo, por que eu não poderia ter feito o mesmo?..."

Dr. Adolfo Bezerra de Menezes - Vida e Obras


O cearense Bezerra de Menezes, cujo nome é Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, nasceu na Freguesia do Riacho Do Sangue na madrugada de 29 de Agosto de 1831. Oriundo de tradicional família de políticos do Sul, foi criado por seus pais, Antônio Bezerra de Menezes, tenente-coronel da Guarda Nacional, e Fabiana de Jesus Maria Bezerra, dentro dos princípios religiosos do catolicismo e disciplina militar, tendo o dever e a honra como norma a seguir.

Aos sete anos aprendeu a ler, escrever e fazer contas e, aos 11 anos, em virtude da transferência de sua família para o Rio Grande do Norte, matriculou-se na aula pública de latinidade que funcionava na Serra do Martins, dirigida por jesuítas. Após dois anos dedicados ao estudo do latim, já possuía condições de ministrar estes conhecimentos, vindo a substituir o professor. Mais tarde, ao retornar para seu Estado natal, o Ceará, freqüentou o Liceu da capital, sendo considerado o melhor aluno. Em 1851 foi residir no Rio de Janeiro, ministrando aulas de Filosofia e Matemática, para custear seus estudos. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina, onde sempre se classificava com a nota máxima. Até esta época ainda usava seu nome completo, que abreviaria mais tarde. Em 01 de Junho de 1857, em sessão solene, foi empossado na Academia Imperial de Medicina, como membro titular; no ano seguinte concorria a uma vaga de professor substituto da Secção de Cirurgia, na Faculdade de Medicina.

Esteve casado com Maria Cândida de Lacerda, no período entre 06 de Novembro de 1858 e 24 de Março de 1863, quando, acometida por rápida enfermidade, sua esposa faleceu, deixando-o com dois filhos. Um ano mais tarde, casou-se pela segunda vez com Cândida Augusta Lacerda, irmã por parte de mãe de sua primeira esposa, nascendo desta união cinco filhos.

Político, grande defensor da abolição da escravatura, líder do Partido Liberal, elegeu-se Vereador e Deputado em várias legislaturas; foi presidente da Câmara Municipal da Corte e seu nome constou em uma lista tríplice para senador pelo Rio de Janeiro. Porém, de todas as obras realizadas em prol da comunidade e funções importantes que exerceu, destaca-se o trabalho anônimo em favor dos humildes e desamparados, recebendo do povo o Cognome de " O MÉDICO DOS POBRES ".

A leitura de " O Livro dos Espíritos " - recebido através das abnegadas mãos de seu tradutor Dr. Joaquim Carlos Travassos - e as curas conseguidas por intermédio do médium receitista João Gonçalves do Nascimento foram atos decisivos para torná-lo um espírita consciente. No entanto, foi no salão da Guarda Velha, no Rio de Janeiro, em 16 de Agosto de 1886, que Bezerra de Menezes declarou sua adesão ao espiritismo, perante uma platéia de quase duas mil pessoas da sociedade carioca, tendo sido aplaudido com grande entusiasmo pelos seus ouvintes.

Ao ser eleito PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA, por mais de uma gestão, direcionou os trabalhos para o estudo do Evangelho à Luz do Espiritismo, em sessões públicas, contando com assistência de inúmeros irmãos, sedentos em ouvir a manifestação verbal inspirada do ilustre palestrante; introduziu na Casa também o estudo sistematizado de " O Livro dos Espíritos ". Como redator-chefe de " O Reformador ", adotou a mesma orientação.

Voltado para a literatura espírita, paralelamente a outras atividades, de 1887 a 1894 publicou no jornal de maior tiragem no Brasil, " O País ", a série de artigos " Espiritismo - Estudos Filosóficos ", mais tarde reunidos e divulgados em três volumes. Em 1888 escreveu " A Casa Assombrada ", romance de estilo simples narrando fatos vivenciados por ele. Entre outras obras de sua autoria, estão: " A Loucura sob Novo Prisma ", " A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica ", mais tarde reeditada levando o título " Uma Carta de Bezerra de Menezes "; os romances publicados na seção literária de " O Reformador " - " Casamento e Mortalha ", " Pérola Negra ", " Lázaro - O Leproso ", " História de um Sonho " , " Evangelho do Futuro ", e tradução do livro " Obras Póstumas ", de Allan Kardec, publicado em 1892.

Bezerra de Menezes também foi cirurgião-tenente do Corpo de Saúde do Exército, membro efetivo e honorário da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, membro do Conselho e sócio benemérito da Sociedade Propagadora de Belas Artes, membro do Liceu de Artes e Ofício, presidente da Sociedade de Beneficência Cearense, presidente da Casa de Ismael, além de fundador do Centro Espírita do Brasil, criado em 21 de Abril de 1889, e diretor efetivo do Centro da União Espírita de Propaganda no Brasil.

Em Dezembro de 1899 foi acometido de uma congestão cerebral, vindo a desencarnar às 11:00 horas e 30 minutos do dia 11 de Abril de 1900. Em sua passagem terrena sofreu privações e viveu modestamente, deixando-nos um rastro luminoso de belos exemplos como médico, como irmão dos sofredores, como seguidor humilde e verdadeiro de Jesus.

Sereno e resignado, foi o seu desencarne confortado pelas vibrações de amor e carinho de quem recebeu a caridade - seus amigos assistidos -, testemunhas de sua dedicação e desprendimento.

Emmanuel - Mentor Espiritual de Chico Xavier


Emmanuel é o nome do espírito que tutelou a atividade mediúnica de Franscisco Cândido Xavier, o maior médium psicógrafo de sempre, com mais de 350 obras psicografadas.

Ao tempo da passagem de Jesus pela Terra, chamou-se Públio Lentulus - senador romano -, e, ao que se sabe, foi a única autoridade que efetuou perfeito descrição Dele, através da célebre carta, publicada em numerosas línguas, autêntica obra-prima do gênero pessoalmente, encontrou-o, solicitando-lhe auxílio para a cura de sua filha Flávia, que, supomos, estaria leprosa.

Desencarnou em Pompeia, no ano 79, vítima das lavas do Vesúvio, encontrando-se na altura invisual anos depois, reencarnaria como judeu na Grécia, em Éfeso, já não mais sob a toga de orgulhoso senador romano, mas sim na estamenha de modesto escravo Nestório, que, na idade madura, participava das reuniões secretas dos cristãos nas catacumbas de Roma.

Podemos ficar com melhor conhecimento da história dessse espírito através das suas obras: Há Dois Mil Anos e Cinquenta Anos Depois , transmitidas mediunicamente através de Chico Xavier. Estas obras constituem verdadeiras obras primas de literatura mediúnica e histórica.

O Dr. Elias Barbosa diz-nos que Emmanuel, o mentor espiritual que todos respeitiamos, foi a personalidade de Manol da Nóbrega, renascido em 18 de Outubro de 1517, em Sanfins, entre Douro e Minho, Portugal, quando reinava D. Manuel I, o Venturoso . Inteligência privilegiada, ingressou na Universidade de Salamanca, Espanha, aos 17 anos, e, com 21, inscreve-se na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra, frequentando aulas de Direito Canónico e Filosofia a 14 de Junho de 1541, em plena mocidade, recebe a láurea doutoral, sendo, então, considerado doutíssiomo Padre Manoel da Nóbrega , pelo doutor Martim Azpilcueta Navarro.

Mais tarde, a 25 de Janeiro de 1554, seria um dos principais fundadores da grande metrópole São Paulo. Foi também o fundados da cidade de Salvador, Bahia, a primeira capital do Brasil.

A informação de que Emmanuel teria sido o Padre Manoel da Nóbrega, foi dada pelo próprio Emmanuel em várias comunicações através da mediunidade idónea e segura de Francisco Cândido Xavier.

No início da actividade mediúnica de Chico, nos anos trinta, ainda sem se identificar, disse-lhe que gostaria de trabalhar com ele durante longos anos, mas que necessitaria de três condições básicas para o fazer: 1ª disciplina, 2ª disciplina e 3ª disciplina. O que Chico cumpriu até hoje. Foi um modesto funcionário público do Ministério da Agricultura que jamais misturou a sua actividade profissional com o exercício da mediunidade. Não poderemos deixar de registrar, sob pena de cometermos grave omissão, que, durante as décadas que esteve ao serviço do Estado, nunca - não obstante a sua precária saúde e o trabalho doutrinário, fora das horas de serviço - deu uma única falta ou gozou qualquer tipo de licença, conforme documentos facultados pelo M.A. Também no início da sua nobre missão, Emmanuel disse-lhe que se alguma vez ele o aconselhar a algo que não esteja de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, deverá procurar esquecê-lo, permanecendo fiel a Jesus e Kardec.

Emmanuel fez também parte da falange do Espírito da Verdade que trouxe à Terra o Cristianismo restaurado, definição sua da Doutrina Espírita. No Evangelho Segundo o Espiritismo , Allan Kardec inseriu uma mensagem de Emmanuel, recebida em Paris, 1861, intitulada O Egoísmo (Cap. XI - 11)
Para além dos dois livros históricos citados, temos ainda várias dezenas de outros, dos quais destacamos: Paulo e Estevão , obra que, segundo Herculano Pires, justificaria, por si só, a missão mediúnica de Francisco Cândido Xavier Ave, Cristo e Renúncia , livros estes que, juntamente com os citados anteriormente, ajudam-nos a entender o nascimento do Cristianismo e, depois, à sua gradual adulteração este cinco livros são baseados em factos históricos verdadeiros. Foi considerado o 5º evangelista, pela superior interpretação do pensamento de Jesus analisemos os seus livros: Caminho, Verdade e Vida , Pão Nosso , Vinha de Luz e Fonte Viva .

Visto ser completamente impossível, num trabalho deste gênero, falar de toda a sua obra transmitida através de Chico Xavier, gostaríamos, no entanto, de registrar os livros: A Caminho da Luz , que nos relata uma História da Civilização à Luz do Espiritismo e Emmanuel , livro constituído por diversas dissertações importantes sobre Ciência, Religião e Filosofia, que preocupam a Humanidade.

FRASES DE KARDEC


“Nascer, morrer, renascer, ainda, e progredir sempre, tal é a lei”



“Fora da Caridade não há Salvação”



“Fé inabalável só é a que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade”

“Aqueles que passam a sua vida na abundância e na felicidade humana são espíritos frouxos que permanecem estacionários”

“Se tornarmos a palavra milagre em sua acepção etimológica, no sentido de coisa admirável, teremos milagres incessantemente sob as vistas. Aspiramo-los no ar e calcamo-los aos pés, porque tudo então é milagre em a Natureza”

“Deus povoou os mundos de seres vivos, concorrendo todos ao objetivo firme da providência”

“Como acreditar que Deus só ao Espírito mal permita que se manifeste, para perder-nos, sem nos dar por contrapeso os conselhos dos bons Espíritos”

“O Espiritismo não vem procurar os perfeitos, mas os que se esforçam em o ser pondo em prática os ensinos dos Espíritos. O verdadeiro espírita não é o que alcançou a meta, mas o que sinceramente quer atingi-la. Sejam quais forem os seus antecedentes, que será bom espírita desde que reconheça suas imperfeições e seja sincero e perseverante no propósito de se emendar”

“Quando a ciência demonstrar que o espiritismo estiver errado em um ponto, ele se modificará neste ponto”

“Demonstrando a existência e a imortalidade da alma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, levanta os ânimos abatidos e faz suportar com resignação as vicissitudes da vida”

“A justiça não exclui a bondade”

“A duração do sofrimento se baseia no tempo necessário a que se melhore”

“Cada um terá que dar conta da inutilidade voluntária da sua existência”

“O bem é sempre o bem, qualquer que seja o caminho que a conduza”

“Só por meio do bem se repudia o mal e a reparação nenhum mérito apresenta, se não atinge o homem nem no seu orgulho, nem nos seus interesses materiais”

“Todo aquele que sente, num grau qualquer a influência dos espíritos é, por esse fato, médium”

“A caridade que sente, segundo Jesus, não se restringe á esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais ou nossos superiores”